Fila da adoção: 123 casais e apenas 2 crianças ´aptas´

on terça-feira, 16 de março de 2010

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Retiradas da família após serem vítimas de maus-tratos, crianças aguardam a oportunidade de terem um novo lar
Enquanto um bebê foi abandonado no Hospital Universitário (HU), semana passada, em Jundiaí, 123 pessoas aguardam na fila de adoção. Se a mãe dessa criança tivesse procurado o Fórum antes e falado sobre a intenção de não ficar com o filho, o recém-nascido já poderia estar vivendo com outra família. Este caso corre sob segredo de Justiça e, por isso, o juiz da Vara da Infância e Juventude, Jefferson Barbin Torelli, não pode comentar nem mesmo se a criança permanece internada no hospital. A assessoria do HU informou apenas que o bebê passa bem. As investigações policiais no sentido de encontrar a mãe também serão sigilosas.

A assistente social judiciária Ana Maria Carrara Quaggio explicou que as informações sobre o bebê não serão fornecidas para não criar mobilização, principalmente entre os casais que aguardam na fila de espera para adoção. "Hoje temos um cadastro ativo com 123 pessoas interessadas em adoção e outros 47 cadastrados, que já estão em processo de adotar. O cadastro envolve Jundiaí e Itupeva e as pessoas que queiram entrar nele devem procurar o Serviço Social (sala 11) do Fórum Dr. Adriano de Oliveira, de segunda a quinta-feira, das 13 horas às 16 horas", salienta Marta Elaine Ferro Bulgarelli, também assistente social judiciária.

Perfil - A exigência dos pais na hora de adotar uma criança tem sido uma barreira. Segundo as assistentes sociais, grande parte dos candidatos prefere crianças de até 1 ano, brancas e saudáveis. "Já tivemos casal que conseguiu adotar em 17 dias e outros que ficaram 6 anos na fila. O tempo de espera é muito imprevisível. Nem sempre a criança apta a ser adotada vai para o primeiro casal da fila, pois precisa coincidir com o perfil do cadastrado", justifica Ana Maria.

No momento, segundo a assistente social, apenas duas crianças estão aptas para adoção legal em Jundiaí: um bebê, já em processo de adoção e um garoto de 11 anos. Quando há caso de irmãos para serem adotados, a lei prevê que eles não sejam separados. Ou seja, a família precisa acolher todos. Com a nova lei da adoção, em vigor desde novembro de 2009, a mãe que deseja doar o filho não pode mais entregá-lo a qualquer pessoa - a chamada doação intermediada. Agora, ela deve procurar o Fórum. "O juiz vai ouvir essa mãe, que será respeitada. Ela não deve se sentir criminalizada por isso. Muitas vezes, está passando por uma situação difícil", conta Marta.

A assistente social ainda relata que antes da nova legislação, a fila demorava ainda mais, pois as mães intermediavam a adoção sem passar pelo processo legal. "Agora, se isso acontecer, fazemos busca e apreensão da criança, que será entregue para a pessoa que está no cadastro de adoção. Desde a implantação da lei, Jundiaí registrou um caso deste (de doação intermediada)." Por ano, uma média de seis mulheres procuram o Fórum para manifestar o desejo de entregar a criança para adoção. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 4586-8111 (ramal 203).

PAULA MESTRINEL
Fonte: Jornal de Jundiaí

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